O ronco é causado pela vibração dos tecidos da faringe (garganta) quando o ar passa nessa região. Essa vibração é favorecida pelo relaxamento natural dessa musculatura durante o sono. Algumas características anatômicas podem predispor ao problema, que tende a piorar com o aumento da idade e do peso (pelo acúmulo de gordura na região, que torna ainda mais difícil a passagem do ar). O ronco passou a ser considerado um problema de saúde, uma vez que os pacientes roncadores procuram tratamento por diversos fatores que vão desde os ruídos que interferem no sono do companheiro, até aqueles sintomas como sonolência diurna excessiva, cansaço, fadiga e outros problemas de saúde associados.
O estágio mais avançado do ronco é a síndrome da apneia obstrutiva do sono (Saos) – doença caracterizada pela parada respiratória com duração de pelo menos dez segundos nos adultos, e dois ou três segundos nas crianças. As estruturas orais (língua e garganta) podem estar comprometidas e acabam “grudando” uma na outra durante o sono e impedindo a passagem do ar. As paradas respiratórias durante o sono podem ocasionar problemas cardíacos, pulmonares e comportamentais, entre outros. A apneia do sono afeta mais de três em cada dez homens e quase uma em cada cinco mulheres, por isso é mais comum do que você imagina. Estima-se que o ronco esteja presente entre 70% e 95% dos casos.
A síndrome da apneia obstrutiva do sono é diagnosticada por meio do exame de polissonografia, solicitado pelo médico, que avalia o padrão e qualidade do sono por meio de sensores posicionados pela superfície do corpo.
O objetivo de qualquer tipo de tratamento da síndrome da apneia obstrutiva do sono é ampliar o espaço das vias aéreas superiores, evitando que as estruturas encostem umas nas outras, possibilitando maior passagem de ar e, consequentemente, menos paradas respiratórias.
A partir dos exames médicos realizados e da avaliação fonoaudiológica, o fonoaudiólogo tende a preparar uma série de exercícios para promover o fortalecimento, coordenação e posicionamento adequado da musculatura que pode estar enfraquecida, flácida e contribuindo para o ronco. Esses exercícios são passados e treinados em sessões de acompanhamento fonoaudiológico e orientados quanto à frequência e quantidade de acordo com a necessidade de cada paciente.
Estudos realizados por pesquisadores brasileiros demonstraram que a prática de exercícios fonoaudiológicos, sob a orientação de um especialista, é capaz de diminuir a frequência e a intensidade do ronco durante o sono, além de amenizar quadros de apneia leve e moderada e evitar a progressão da doença.
Por Lígia Stevaux Nascimento, fonoaudióloga (CRFa 2 – 19153), formada na Unicamp, com aprimoramento em fonoaudiologia hospitalar e especialização em motricidade orofacial. Contatos: (11) 4521-2942, 2709-4942